O mercado de chás no Brasil tem apresentado uma expansão notável nas últimas décadas. Entre 2013 e 2020, o consumo nacional cresceu 25%, quase o dobro da média global no mesmo período. Esse avanço reflete não apenas uma mudança nos hábitos alimentares dos brasileiros, mas também o fortalecimento do setor com inovações e valorização de produtos nacionais.
O Crescimento e Seus Principais Fatores
O aumento do consumo de chás no Brasil pode ser atribuído a diversos fatores. Um deles é a busca por hábitos mais saudáveis, que levou os consumidores a substituir bebidas açucaradas por alternativas mais leves e naturais. Os chás ganharam destaque como uma escolha que alia sabor e benefícios à saúde. Apesar de não focarmos nos aspectos medicinais, é inegável que a percepção de qualidade e bem-estar está impulsionando essa tendência.
Além disso, a pandemia de COVID-19 intensificou essa busca por conforto e rituais simples no dia a dia. O ato de preparar e consumir chá, muitas vezes associado ao relaxamento, encontrou eco no desejo de desacelerar e criar momentos de pausa. Como resultado, tanto o mercado de chás tradicionais quanto o de blends aromatizados experimentaram crescimento.

A Importância dos Chás Nacionais
Embora o Brasil ainda importe uma grande quantidade de chás, especialmente da Ásia, o mercado interno tem mostrado sinais de fortalecimento. Regiões como o Vale do Ribeira, em São Paulo, estão se destacando na produção de chá preto e verde, além de blends que combinam ervas e frutas locais. Esses produtos valorizam o terroir brasileiro e criam novas oportunidades para produtores e marcas.
Outro protagonista nacional é a erva-mate, consumida amplamente em forma de chimarrão, tereré ou chá quente. A cultura da erva-mate, especialmente no Sul, Centro-Oeste e Norte do país, contribui significativamente para o volume de consumo de infusões no Brasil. Essa tradição também desperta interesse internacional, posicionando o Brasil como um player relevante no mercado global de erva-mate.
Inovação e Diversificação
A inovação tem sido uma das chaves para a expansão do mercado de chás no Brasil. Marcas têm investido em produtos diferenciados, como chás em cápsulas, opções geladas e blends que combinam a Camellia Sinensis com ingredientes brasileiros, como capim-limão, hibisco e frutas tropicais.
Essa diversificação também é evidente no varejo. Lojas especializadas em chás, como a Tea Shop, têm conquistado espaço, enquanto supermercados ampliam suas ofertas de produtos premium. O e-commerce se tornou um canal crucial, permitindo que os consumidores descubram marcas e variedades de chá antes inacessíveis.
O Papel das Exportações
Embora o mercado interno seja o principal foco, o Brasil também começa a explorar seu potencial como exportador de chá. Produtos com apelo sustentável e narrativas que valorizam o terroir local estão atraindo a atenção de mercados internacionais. A erva-mate é um bom exemplo disso, exportada principalmente para países como Uruguai, Argentina e Estados Unidos.
Um Olhar para o Futuro
O mercado de chás no Brasil ainda tem muito espaço para crescer. O consumo per capita no país é baixo se comparado a outros países, como Reino Unido e China, mas as mudanças no perfil do consumidor apontam para um cenário otimista. A aposta em produtos de alta qualidade, a valorização de ingredientes locais e o fortalecimento da produção nacional serão fatores determinantes para o futuro do setor.
Em resumo, o mercado de chás no Brasil está em plena evolução, impulsionado por tendências globais e pela redescoberta do potencial nacional. O crescimento de 25% no consumo entre 2013 e 2020 não é apenas um número; é um reflexo de como os chás estão se consolidando como uma escolha cultural e comercial no país. A expectativa é que esse movimento continue nos próximos anos, trazendo novas oportunidades para produtores, marcas e consumidores.