O preço do azeite de oliva disparou em 2024, tornando-se um item de luxo em muitos países, incluindo o Brasil. A principal razão para o aumento drástico dos preços é a severa seca que afetou a Europa, especialmente os principais produtores mundiais: Espanha e Portugal. A produção de azeitonas caiu significativamente, impactando diretamente a oferta de azeite e resultando em uma alta nos preços globais.
Efeito das mudanças climáticas na produção
As colheitas de azeitonas na Europa foram prejudicadas por condições climáticas adversas. Entre 2021 e 2023, a Espanha, maior produtora de azeite do mundo, viu sua produção cair de 1,5 milhão de toneladas para cerca de 600 mil toneladas. Mesmo com uma leve recuperação prevista para a safra de 2024/25, espera-se que os níveis de produção continuem abaixo da média histórica. A seca prolongada e a má gestão dos recursos hídricos foram apontadas como principais fatores.
Além disso, o modo de cultivo intensivo nas principais regiões produtoras, como Jaén, na Espanha, também é questionado. A falta de cobertura vegetal e o plantio descontrolado próximo a cursos d’água podem ter contribuído para o desequilíbrio ambiental, agravando ainda mais o problema de produção.

Dependência do mercado Europeu
O Brasil importa cerca de 90% do azeite consumido, principalmente de Portugal e Espanha, que respondem por 44% e 14% das importações, respectivamente. Com a queda da produção europeia, o mercado brasileiro foi diretamente impactado. Em junho de 2024, os preços alcançaram o maior patamar registrado, com alta de 50%, segundo dados do IBGE. Mesmo que a produção europeia melhore, o impacto no preço no Brasil tende a demorar, devido à logística e aos contratos de importação já estabelecidos.
Previsão para os próximos anos
Especialistas acreditam que o preço do azeite pode começar a cair lentamente apenas a partir de 2025. A Comissão Europeia projeta um aumento de 32% na produção de azeite em relação ao ano anterior, com a Espanha liderando essa recuperação. No entanto, o mercado ainda está incerto, especialmente se houver novos eventos climáticos adversos durante a colheita.
A expectativa é de uma redução gradual dos preços no mercado internacional, mas, para o consumidor brasileiro, o alívio deve ser sentido apenas a partir do segundo semestre de 2025.
Produção nacional e autossuficiência
A produção de azeite no Brasil é mínima e não consegue suprir a demanda interna. Atualmente, o país possui cerca de 7 mil hectares de olivais, mas seriam necessários 1 milhão de hectares para alcançar a autossuficiência. O Rio Grande do Sul possui o potencial para expandir essa produção, mas faltam investimentos em plantações e infraestrutura de processamento.
Dicas para o Consumidor
Com o aumento dos preços, há um risco maior de fraudes. Para evitar golpes, o Ministério da Agricultura recomenda não comprar azeite a granel e desconfiar de preços muito abaixo da média. Verificar se a marca já esteve na lista de produtos proibidos também é uma boa prática.
Em resumo, o aumento do preço do azeite em 2024 está ligado a problemas climáticos e à dependência do mercado europeu. A recuperação pode levar tempo, mas o fortalecimento da produção nacional poderia ajudar a mitigar futuros aumentos.