Infraestrutura portuária ameaça exportação de café

O Brasil enfrenta gargalos logísticos que afetam diretamente as exportações de café. A deficiência estrutural dos portos já impacta produtores e cooperativas em todo o país. E se nada for feito com urgência, o prejuízo será ainda maior nos próximos anos.

Especialistas do setor alertam para o esgotamento da infraestrutura portuária nacional, que já opera no limite e compromete o escoamento da produção cafeeira.

Exportação de Café

Portos saturados afetam logística do café

Segundo o CEO da MTM Logix, Mário Veraldo, a situação deixou de ser pontual para se tornar estrutural. Os portos operam com equipamentos defasados, baixa manutenção e investimentos insuficientes. Enquanto o Brasil aplicou apenas 2,2% do PIB em infraestrutura em 2024, o ideal seria quase o dobro — 4,3%.

Esse desequilíbrio ocorre em um momento crítico, quando o agronegócio alcançou US$ 164,4 bilhões em exportações no último ano, quase metade da balança comercial do país. A ineficiência nos terminais ameaça a competitividade global do café brasileiro.

Em março de 2025, mais de 637 mil sacas de café deixaram de ser embarcadas, totalizando cerca de R$ 1,5 bilhão em perdas cambiais. O prejuízo direto com fretes e operações logísticas ultrapassou R$ 8,9 milhões, segundo dados do Cecafé. Desde junho de 2024, os custos extras já somam mais de R$ 66 milhões.

Produtores e cooperativas enfrentam colapso

A crise portuária também repercute diretamente no campo. Rodrigo Reis, da Expocacer, relata que os gargalos atingem o planejamento das exportações e reduzem a margem dos cooperados. Entre os principais problemas estão a escassez de contêineres, mudanças repentinas nas escalas de navios e pedágios elevados nas estradas.

A imprevisibilidade é um fator crítico. Alterações nos prazos obrigam a reposicionar cargas, pagar taxas adicionais e operar com prejuízo. Mesmo com gestão antecipada, a cooperativa lida com atrasos e cobranças indevidas.

Como resposta, a Expocacer reforçou sua atuação institucional, participa ativamente dos comitês logísticos e criou um setor dedicado à auditoria de tarifas. A medida tem permitido reverter cobranças excessivas e proteger a receita dos produtores.

Modernização depende de ação pública

Para especialistas da MTM Logix, a digitalização e automação são caminhos para destravar o sistema portuário. Tecnologias inteligentes permitem reduzir o tempo de espera, melhorar a comunicação entre agentes logísticos e aumentar a produtividade nos terminais.

A integração entre modais e a qualificação da mão de obra também são medidas indispensáveis. No entanto, o avanço só será possível com envolvimento direto do setor público. Sem políticas claras de investimento, regulação moderna e incentivo à iniciativa privada, o Brasil continuará perdendo espaço no mercado global.

“Não adianta promover o café brasileiro se não conseguimos embarcá-lo com eficiência. Nossa infraestrutura está estagnada, enquanto a demanda cresce. Essa conta não fecha.” — conclui Rodrigo Reis.

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