Quando se fala em cerveja, a maioria das pessoas pensa imediatamente na Pilsen. Mas o universo cervejeiro vai muito além desse estilo! Existem mais de 150 estilos de cerveja, cada um com sabores, aromas e características próprias e padronizadas mundialmente. Se você é um apreciador ou quer expandir seu conhecimento sobre essa bebida milenar, prepare-se para uma viagem pelos principais estilos além da tradicional Pilsen.
A riqueza dos estilos de cerveja
A cerveja é uma das bebidas mais antigas do mundo, com registros que datam de mais de 7.000 anos. Sua diversidade vem de diferentes combinações de ingredientes básicos: malte, lúpulo, levedura e água. A forma como esses elementos são trabalhados resulta em uma enorme variedade de estilos, além disso, é comum encontrar estilos específicos que pedem a adição de frutas, legumes, especiarias, maturadas em barris de outras bebidas, sementes, lactose, raízes, cereais não maltados, chocolates, ervas e uma infinidade de insumos gastronômicos.
Os estilos de cerveja são geralmente classificados em três grandes famílias: Ales, Lagers e Híbridas, que se diferenciam principalmente por sua possibilidade de fermentação. Dentro dessas categorias, há subdivisões que originam os mais variados estilos. Vamos conhecer alguns dos mais icônicos!
Lager: muito além da Pilsen
As cervejas do tipo Lager (lê-se Láguer) são caracterizadas pela fermentação em temperaturas mais baixas (entre 4°C e 12°C) e pelo uso de leveduras do tipo Saccharomyces pastorianus, que fermentam no fundo do tanque. Isso resulta em cervejas com sabor mais leve, limpo e refrescante.
Helles
Originária da Alemanha, a Helles é uma cerveja dourada, equilibrada e ligeiramente maltada, com amargor suave. É uma ótima opção para quem gosta de cervejas leves, mas com um pouco mais de corpo do que a Pilsen.
Dortmunder Export
De origem alemã, a Dortmunder Export tem um perfil maltado mais pronunciado e teor alcoólico um pouco maior, geralmente entre 5% e 6%. É bem equilibrada entre dulçor e amargor.
Bock e Doppelbock
São cervejas de maior teor alcoólico (acima de 6%) e com notas mais adocicadas de malte. A Doppelbock, versão mais intensa da Bock, costuma apresentar sabores de caramelo e frutas secas.
Schwarzbier
Conhecida como a “cerveja preta” da Alemanha, a Schwarzbier é escura, mas surpreendentemente leve e suave, com notas de café e chocolate. Não se confunda com aquilo que é feito no Brasil e chamado de Malzbier, são produtos muito distintos, a versão nacional ganha adição de corantes caramelizados e possui um dulçor residual bem intenso se comparado com sua “prima” alemã.
Ales: a diversidade das fermentações altas
As cervejas Ale (lê-se eiol) fermentam em temperaturas mais altas (entre 15°C e 24°C), utilizando leveduras do tipo Saccharomyces cerevisiae, que atuam na superfície do líquido. Esse processo traz aromas e sabores mais complexos, criando estilos variados e muitas vezes intensos.
Pale Ale e suas variações
As Pale Ales são cervejas de coloração âmbar, maltadas e equilibradas. Algumas das variações mais conhecidas são:
- English Pale Ale: Equilibrada entre malte e lúpulo, com notas terrosas e frutadas.
- American Pale Ale (APA): Mais lupulada e cítrica, com aromas intensos e refrescantes.
India Pale Ale (IPA)
Uma das queridinhas do mundo cervejeiro, a IPA é conhecida pelo amargor acentuado e aromas intensos de lúpulo. Algumas variações incluem:
- West Coast IPA: Amarga, resinosamente lupulada e seca no final.
- New England IPA (NEIPA): Turva, super aromática e com textura aveludada.
- Session IPA: Versão mais leve, com menor teor alcoólico.
- Double IPA (DIPA): Mais alcoólica e intensamente lupulada.
- Belgian IPA: Ganha destaque com a levedura belga e a possibilidade de adição de alguma especiairia.
- American IPA: A IPA mais produzida no Brasil, ela tem mais corpo e maior amargor que a APA e com um leve toque de caramelo que vem do malte.
“Eu gosto de cerveja preta!” Mas qual?
A frase “eu gosto/não gosto de cerveja preta” é algo que todo sommelier já ouviu, em sua grande maioria o cliente se refere a Malzbier. No entanto, é dever do profissional explicar ou mostrar, quando possível, as diferentes “cervejas pretas” que o mercado produz, vamos listar abaixo alguns estilos que você pode conhecer e que são pretas em sua grande maioria.
- Brown Ale: Estilo mais leve de todas as Ales escuras, com baixo corpo e baixo amargor, leve dulçor do malte é o sabor predominante.
- Porter: Um pouco mais intensa que a Brown Ale, com mais corpo e menos dulçor. A predominância é do sabor mais tostado.
- Stout: Mais robusta, podendo ter variações como a Oatmeal Stout (com aveia) e a Imperial Stout (mais alcoólica e intensa) com notas mais adocicadas e potentes.
- Coffee Beer: Um estilo voltado para cerveja que levam adição de café, podendo ser ele cru, tostado, torrado, fermentado e com todas as variações de grãos possíveis.
- Chocolate Beer: Isso mesmo, cerveja com adição de cacau ou chocolate, podendo ser qualquer tipo de cacau ou chocolate adicionado na cerveja.
- Pastry Stout: Cervejas elaboradas normalmente com a base de alguma cerveja que predomina o malte torrado/tostado e levam adição de insumos que podem transformar o sensorial da bebida, deste modo o líquido fica parecendo uma sobremesa.
- Dunkel/Schwarzbier: Estilos feitos com maltes que repassam sabores levemente tostados e sutilmente adocicados para cervejas da família Lager.
- Malzbier: Não é bem um estilo de cerveja (não oficialmente por BJCP ou BA), mas é o estilo mais consumido no Brasil por conta de se docinha, uma base de cerveja que leva adição de corante de caramelo para adocicar e escurecer um pouco mais a cerveja.
Há mais uma dezena de variações de estilos e possibilidades, mas vamos ficar com as opções mais comuns que você encontrará no mercado.
Cervejas Belgas: tradição e complexidade
A Bélgica é um dos países mais tradicionais na produção de cervejas e possui estilos mundialmente famosos.
Witbier
Cerveja de trigo belga, leve e refrescante, com adição de coentro e casca de laranja.
Dubbel e Tripel
- Dubbel: Maltada, escura e levemente adocicada, com notas de frutas secas.
- Tripel: Mais clara e forte, com perfil frutado e levemente condimentado.
Saison
A Saison é seca, efervescente e levemente picante, com notas frutadas.
Cervejas de Trigo: Alemanha e sua tradição
Na Alemanha, as cervejas de trigo são uma tradição e possuem características únicas.
Hefeweizen
A mais famosa cerveja de trigo alemã, com aromas de banana e cravo, corpo turvo e textura macia.
Dunkelweizen
Versão escura da Hefeweizen, com notas tostadas de caramelo e toffee.
Weizenbock
Uma fusão entre a Weizen e a Bock, com maior teor alcoólico e sabores complexos.
Cervejas ácidas e selvagens
As cervejas ácidas vêm ganhando espaço e são conhecidas por sua acidez e fermentação diferenciada.
Berliner Weisse
Leve, refrescante e ácida, muitas vezes servida com xaropes para equilibrar a acidez.
Gose
Cerveja alemã levemente salgada e ácida, com adição de coentro para um toque especiado.
Lambic e Gueuze
Cervejas belgas de fermentação espontânea, muitas vezes maturadas em barris e misturadas para criar sabores complexos.
Catharina Sour
O único estilo brasileiro reconhecido mundialmente. A Catharina Sour se destaca por seu frescor e pela adição de frutas tropicais, ela possui maior teor alcoólico que a Berliner Weiss e uma acidez mais equilibrada.
Conclusão: um universo de sabores a explorar
O mundo das cervejas é vasto e repleto de estilos para todos os gostos. Se você sempre bebeu Pilsen, agora tem um mapa para explorar novos sabores e experiências sensoriais.
Agora me conta: qual desses estilos você já experimentou? Deixe seu comentário e compartilhe com seus amigos que amam cerveja! 🍻
